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spread, custo efetivo total, % do CDI, qual o melhor KPI?

Escrito em
May 6, 2018
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Custo Efetivo Total (CET), Spread e taxas expressas em % do CDI e CDI + Taxa são as formas mais utilizadas para as empresas realizarem comparações e análises do custo de suas operações de crédito, neste artigo vamos apresentar estes indicadores e suas respectivas vantagens e desvantagens, para que você possa escolher o indicador mais útil e prático para suas análises.

CET (Custo Efetivo Total)

O Custo Efetivo Total é o indicador de custo de crédito mais utilizado pelo mercado, a partir de dezembro de 2007 passou a ser obrigatório que os bancos preencham nos contratos de operações de crédito essa informação, a regulamentação desta exigência ocorreu com a publicação da resolução do Banco Central número 3.517.O objetivo do Banco Central foi possibilitar que os tomadores de crédito tivessem um denominador comum para poder comparar diferentes ofertas de crédito, essa iniciativa foi muito interessante e importante, pois no Brasil temos um mercado bastante sofisticado e heterogêneo quanto as formas de cálculo, veja como isso é complexo:- 95% das operações de capital de giro são calculadas de 7 maneiras diferentes, gerando resultados e custos diferentes mesmo para taxas nominais iguais. Por exemplo, para operações de crédito com 1 ano de prazo uma taxa de 1,22% ao mês calculada por dias úteis é mais barata que 1,20% ao mês calculada por dias corridos.- Um mesmo banco chega a fazer cálculos de 4 maneiras diferentes para uma mesma modalidade de operação de crédito, tudo depende se a negociação evoluir para um patamar mais refinado onde além da taxa devem ser negociados o calendário ou as formas de aplicação dos juros: se sobre o saldo devedor ou se sobre as parcelas, etc. Poucos clientes sabem que é possível negociar muito mais que apenas a taxa, e que isso pode render bons frutos.Podemos afirmar que considerar apenas a taxa como um indicativo de custo de crédito é um grande erro. Além da taxa temos também que avaliar outros custos como: impostos, tarifas e outras despesas envolvidas na operação de crédito. Para contemplar essas possibilidades o Custo Efetivo Total é excelente, pois pode incorporar custos como IOF, IR Remessa, tarifas bancárias, custos de registro, etc. Dois detalhes: - O Banco Central exige que os bancos contemplem apenas as despesas com juros, tarifas e impostos para o cálculo do Custo Efetivo Total das operações; despesas com registro de operações e garantias, monitoramento de garantias, laudos de avaliação, etc, não são contemplados no CET apresentado pelos bancos.- O cálculo do Custo Efetivo Total regulamentado pelo Banco Central tem como base um ano de 365 dias corridos, mas é mais interessante o cálculo considerando 252 dias úteis, pois este calendário tem se tornado referência para cálculos de taxas no mercado financeiro. Temos um artigo que trata especificamente como calcular o custo efetivo total e uma planilha para cálculo de Custo Efetivo Total já pronta.As desvantagens do uso do CET - Custo Efetivo Total são:- Dificuldade do cálculo quando de operações pós-fixadas, pois é necessária a precificação da parte pós que compõe a taxa, essa precificação deve ter uma fonte confiável para que o CET calculado seja preciso e útil. Quando trabalhamos com operações pós-fixadas temos que calcular 2 CETs o “CET Contratado” que é estimado no momento da contratação e captação e o “CET Realizado e Projetado” que vai mudando com o decorrer da operação, exemplo:

custo financeiro

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- O CET é útil apenas quando comparamos operações de crédito com o mesmo fluxo de amortização, mesmo indexador e na mesma data, pois o CET não leva em conta o custo do capital no momento da operação. Custo este que varia a todo momento e varia de acordo com os prazos de cada um dos vencimentos das parcelas. Por exemplo em maio 2016 o custo do capital para uma operação de 1 ano estava em torno de 13,15% ao ano, assim uma operação com CET de 18% ao ano poderia ser considerada boa, atualmente uma operação com o mesmo CET de 18% ao ano é muito cara pois o custo do capital para essa operação está em torno de 6,46% ao ano.

curva cdi

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O mesmo vale para operações com prazos diferentes, veja que atualmente o custo para uma operação de 6 meses (180 dias) é 6,20% ao ano já para uma operação de 1440 dias (4 anos) o custo já passa para 8,90% ao ano.

curva do custo do capital

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Observamos que o uso do CET fica restrito a operações muito semelhantes.

Spread

O Spread é a excelência dos indicadores de custos de operações de crédito, não é à toa que é o principal indicador de retorno das operações de crédito utilizado pelos bancos. O Spread consiste em calcular de forma percentual qual é a margem de ganho dos bancos acima do custo do capital, os bancos assim como qualquer empresa buscam maximizar a margem (spread) e não simplesmente o preço (taxa + tarifas). Spread é o indicador que os bancos utilizam quando estão negociando uma operação de crédito com você, portanto, é o que você também precisa saber para não ficar em desvantagem.As vantagens de utilizar o spread como indicador de custo para negociações são:- Possibilita comparar operações de crédito com características totalmente diferentes e em momentos diferentes do tempo. Esse é um dos principais motivos que os bancos utilizam este indicador, veja um exemplo:

compara CET

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- Com o spread você sabe exatamente quanto o banco está ganhando em uma operação de crédito, e consegue ter o mesmo ponto de vista que o banco quando está negociando com você, assim você consegue ter uma negociação mais equilibrada.- Você consegue analisar se o banco está aumentado a margem de ganho que tem nas operações de crédito que realiza com você. Saiba que os bancos fazem isso a toda operação que você cota: olham o histórico de spread que você pagou no passado e tentam sempre aumentar.- Ter um histórico que pode ser comparável com as cotações atuais e saber efetivamente como o banco está te enxergando como fonte de receita são informações que agregam muito seu poder de negociação. Com essas informações você passa a negociar com propriedade, pois sua argumentação estará embasada em condições reais de mercado, assim você não corre o risco de perder credibilidade tentando buscar condições fora da realidade do mercado ou aceitar condições desvantajosas.Temos um artigo de como calcular o spread, para ajudar você a explorar este rico indicador.

% do CDI ou CDI + taxa

% do CDI ou CDI + Taxa são duas tentativas de expressar o custo de uma operação de crédito de uma maneira melhor que o CET, mas sem o trabalho envolvido no cálculo do spread, o que é uma ilusão. Para calcular o % do CDI equivalente de uma operação ou mesmo o equivalente em CDI + Taxa com precisão, também é necessário construir a ETTJ (Estrutura a Termo da Taxa de Juros) que é a parte mais complexa do cálculo do spread.Temos um artigo que trata como realizar cálculos de % do CDI.O uso do CDI + taxa é algo relativamente próximo do spread, já o % do CDI carrega grandes distorções uma vez que o % está em função do CDI que é algo que varia ao longo do tempo. Não recomendamos o uso destes indicadores.Em resumo CET e SPREAD formam uma dupla perfeita para avaliar e negociar operações de crédito.Devemos sempre contratar a operação com o menor CET pois este mede o que sai do caixa da empresa, mas para negociamos o spread é o indicador que efetivamente permite medir e comparar com todas as outras operações no passado ou presente e como o banco está operando.

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